Posts filed under ‘Libertadores da América’

Meia dúzia

O Corinthians jogou ontem dignamente, diante do esfarrapado Táchira, da Venezuela. O resultado, meus amigos, foi uma surra com placar imoral de 6 a 0 para o alvinegro. E cada gol foi feito por um jogador diferente, mostrando que não existe espaço para vaidade dentro de um grupo vitorioso. O grande ídolo e destaque da noite foi mais uma vez Émerson Sheik, o atacante, meia, ponteiro e defensor de pura raça, quase correndo junto com a bola. Fez um golaço, deu passe para o primeiro e sofreu o pênalti de outro gol. Energia de quem treina com afinco, mesmo quando chega 20 minutos atrasado e paga multa. Haja fôlego para os marcadores de Sheik.

Júlio César, o ex-Horácio, reconheceu que foi um espectador de luxo do jogo. Assistiu de camarote ao massacre, que lavou a alma da Fiel, torcida que comparece mesmo quando o ingresso está a preço extravagante, absurdo. O Táchira pouco ficou com a bola. Ainda no primeiro tempo, uma voadora em cima de Danilo fez com que um dos atletas do time venezuelano fosse expulso, o que facilitou ainda mais o serviço.

Primeiro foi Danilo de cabeça, em ótimo passe de Sheik. Depois, Paulinho e Liedson tabelaram com oito toques e conclusão do primeiro, sem choro nem vela. Estava assim a vitória ao fim do primeiro tempo, com placar de 2 a 0. No segundo, uma chuva de gols: Jorge Henrique em chute seco, cruzado; Emerson Sheik em bomba na cara do goleiro; pênalti em Sheik e gol de Liedson, após rebote do goleiro; e Douglas, de pênalti, que foi cavado pelo Levezinho. Noite mais feliz impossível, ou por outra, só se Chicão não tivesse saído contundido no intervalo, obrigando Ralf a ir para a zaga, pois Tite não tem zagueiro reserva em condições de jogo, pelo menos não entre os 25 inscritos na Libertadores.

Domingo o Timão volta a campo para enfrentar a Ponte Preta, no mesmo Pacaembu. Mesmo tendo vencido o adversário em Campinas, na última rodada do Paulistão, a Fiel sabe que não é mole decidir vaga nas semifinais em partida única. Um erro pode ser fatal, e o time de Tite tem jogador no limite, como sangue nos olhos, ou com a faca entre os dentes, conforme o gosto do freguês.

abril 19, 2012 at 7:01 pm 1 comentário

Experiência

O Corinthians está diferente na Libertadores 2012. O time vem de um título importante no ano passado e conseguiu segurar todas as suas peças. Muitos times queriam contratar Castán, Ralf e Paulinho, jogadores jovens e com perspectiva de crescimento e alguns anos de bons serviços prestados pela frente. Foi com esse trio que o Timão passou a perna num fraco Nacional paraguaio. O jogo teve drama até o time conseguir seu primeiro gol, fruto da experiência de Danilo, o grande meia no ano. Liedson chutou, o goleiro defendeu parcialmente e deixou a bola sobrar para Danilo, que num grande golpe de inteligência foi calmo, não se apressou e deixou o goleiro atônito, sem reação diante do chute certeiro, destinado ao primeiro gol alvinegro na partida. Eram 38 minutos do primeiro tempo, período sem grandes lances de gol, só com domínio territorial. O time foi guerreiro, mas o que valeu mesmo foi a experiência na hora do chute final, desferido por Danilo.

No segundo tempo, novamente Danilo foi importante, mostrou habilidade na distribuição das jogadas, caindo pela direita, indo às vezes para o meio, chamando jogo e protegendo a bola qual um Rincón. Não fez o segundo gol, que foi fruto de uma correria de Usain Bolt, o novo dono da lateral direita corinthiana, mas que atende pelo nome de Edenílson. Ele faz charme quando perguntado se vai mesmo virar lateral, mas nasceu para a coisa, corre como um foguete e é um bom marcador. Não há mais espaço para outro lateral no momento, pois todos só veem Edenílson, o Usain Bolt, correndo pelo Timão no lado direito da defesa, do meio e do ataque. Ele puxou uma sexta marcha, passou o oponente e cruzou com força, no peito de Jorge Henrique, no meio da etapa final. Nem deu muito para fazer nada, pois a bola explodiu em Jotinha e foi voando para a rede paraguaia. Nem teve lance de perigo contra Júlio Horácio César, o ídolo de Hélio Pedroso, o famoso Galego. A vitória foi uma das poucas tranquilas no ano alvinegro.

Muitos dirão que o time ganhou só por causa dos volantes ou pela fraqueza paraguaia, mas a resposta certa é que o time começa a ganhar na Libertadores em função da experiência de um Danilo, um JH e até um quebrado Liedson, que marca, briga e parece saber que não vai marcar gol, mas vai marcar e lutar no meio de campo. Com os três leões na marcação, Usain na valentia e os experientes em campo, vai ser menos difícil ganhar a Libertadores pela primeira vez. Foi isso que o torcedor viu na noite de 7 de março, no Pacaembu.

 

março 28, 2012 at 6:58 pm Deixe um comentário

A Libertadores

O Corinthians viveu a Libertadores com toda a sua intensidade na estreia diante do Tachira, time venezuelano que não pode ser dado como igual a Goiás, Portuguesa e Ponte Preta, times medianos no cenário nacional, mas tecnicamente superiores aos da terra de Hugo Chavez. Pois o time do Parque São Jorge saiu comemorando um empate heróico na Venezuela, sem pressão extracampo. A pressão que houve foi dentro da cabeça de cada jogador e torcedor corintiano quando ouve uma palavra que seja em espanhol. O adversário virou uma lenda, mesmo vestindo as cores do fraco futebol venezuelano, ainda que este tenha se superado nos últimos anos.

O time brasileiro conseguiu alguma coisa pequena no início de jogo, ameaçando até dominar o jogo e fazer um gol de vantagem, que não seria injusto. Só que logo veio a ducha de água fria, o gol venezuelano, que fez o Corinthians voltar a se lembrar de eliminações anteriores e da dificuldade que o time sente em jogar o torneio, vencido pelos rivais Santos, São Paulo e Palmeiras. Parecia que os jogadores escutavam o escárnio dos adversários paulistas e jogavam cada vez com mais dificuldade. Jogar o torneio é até mais difícil que ganhar para a nação alvinegra.

Aconteceu um gol impedido do time venezuelano. Se fosse validado, não seria nenhuma violência ou imoralidade. O lance foi muito rápido e duvidoso. Se o árbitro dá sequência ao lance, estaríamos falando de uma situação arriscada do Corinthians em relação ao seu grupo. Penso isso porque o jogo não terminou com o 1 a 0 a favor do Tachira, resultado que permaneceu até os 48 minutos do segundo tempo, quando Alex cobrou uma falta para Ralf entrar soberano de cabeça e empatar a fatura. Foi o grito de um povo atrás de libertação. Um magro e miserável empate na Venezuela foi a senha para a festa de rojões adentrar a madrugada de uma pacata quinta-feira paulistana. Só que não é pacata a noite paulistana, assim como nada é pacato e sem emoção na vida do corintiano. Vai ser assim até o final, que os corintianos esperam que seja no dia da decisão, com choro em forma de troféu de campeão. Pelo que jogou na Venezuela, o time precisa melhorar muito para pegar Boca Juniors, Fluminense, Universidad de Chile, Vélez Sarsfield, Santos e companhia.

fevereiro 23, 2012 at 3:18 pm Deixe um comentário

Porque Deus não o quer

 Texto de Jorge Eduardo Teixeira Filho, escrito logo após a eliminação para o Tolima, na Libertadores da América de 2011

Antes de começar a desenrolar as palavras que farão parte desse texto queria, de antemão, pedir perdão pelas blasfêmias que farão parte de todo ele.

Falo isso, pois escrevo aqui com o coração partido e a consciência de que meu time jamais será campeão do torneio mais importante das Américas, porque Deus não o quer.

Assim como o Seu povo Israel e com algumas nações africanas, tenho a total convicção de que Ele escolheu um povo especial aqui na América do Sul para o sofrimento. Aqui no Brasil, não existe terremoto ou guerras; a terra é boa e com muita água. Nosso povo é simpático, amistoso e consegue resolver quase tudo na paz. O que fazer então? Simples; criou um povo específico, com características específicas e sofrimento específico para contrabalançar. Um povo não; uma nação dentro de outra nação. Deve ter sido assim, mais ou menos quando escolheu o Seu povo, anteriormente, para caminhar 40 anos no deserto(perdão), em busca da terra prometida; um povo capaz de grandes deslocamentos em tempos de paz – só existiram dois na história da humanidade: um há mais de 4.000 anos e outro em 1976 – um povo predestinado ao sofrimento, que – em sua maioria – tem a sua sina de viver no “apogeu da miséria”, sendo humilhado por seus iguais. Um povo sem facilidades.

Acho que, quando nascemos, Ele deve nos ungir (perdão mais uma vez) e dizer:

“- Nascerás em uma terra perfeita em que – plantando – tudo dá. Não viverás em guerras, nem sofrerás com fenômenos naturais porém, torcerá pelo Corinthians.”

Devemos, em outras vidas – todos nós corinthianos – termos feito parte de alguma coisa muito ruim para passarmos essa existência nessa condição (perdão pela blasfêmia mais uma vez).

Fico pensando o que pode ter sido.

Podemos ter feito parte do exército de Átila ou de uma nação Viking que viviam por atrocidades, mas nada me parece numericamente grande para ser comparada à nossa nação. Fazer parte do exército de Alexandre ou de Julio César também, mas somos em maior número.

Quem sabe todos eles juntos mas, ainda assim, acredito em nossa superioridade numérica.

Mesmo quando vislumbramos uma luz, com certa facilidade no fim do túnel; pois uma Taça Libertadores sem Boca e River não é sempre que temos; não conseguimos alcançá-la. Da mesma forma que Moisés (perdão mais uma vez) foi proibido de pisar na Terra Santa – somente vê-la de longe – nós, Corinthianos, nunca ganharemos a Taça Libertadores da América – somente poderemos vê-la … de longe.

Escrevo isso em desagravo a uma nação que – por um simples acaso do destino – tem um time para torcer e que, mesmo jogando bem, como jogou ontem e com vitória, não consegue seus objetivos, quando falamos no nosso torneio continental.

Escrevo isso sabendo, do alto dos meus 40 anos completados a pouco mais de 30 dias, que jamais verei meu time campeão da Taça Libertadores da América …

… porque Deus não o quer. (perdão; foi a última)

Jorge Eduardo Teixeira Filho

Brasileiro, 40 anos, corinthiano, maloqueiro e sofredor … Graças a Deus. (perdão Senhor, essa sim foi a última)

dezembro 19, 2011 at 5:39 pm 1 comentário

Arouca será lembrado daqui a 100 anos

A noite de ontem já está eternizada como a do Santos no mundo do futebol. Em 22 de junho de 2111, todos vão procurar as referências sobre o campeonato que o time da cidade litorânea ganhou pela terceira vez, agora no Pacaembu. E estádio não é problema para quem já conquistou a América em La Bombonera e ganhou o mundo no Estádio da Luz, dando uma sapatada de 5 a 2 no Benfica, poderoso à época. Voltando à noite de ontem, o Santos não realizou um primor de jogo, mas no fim das contas poderia ter feito um placar de 4 a 1 ou até mais, não fossem os gols perdidos por Zé Eduardo. E o esforçado atacante tem a sorte de ser raçudo e contar com a companhia de gente como Neymar, Ganso, Elano e principalmente um que personifica o que uma equipe espera de um jogador que almeja o título da Libertadores: Arouca.

E o herói Arouca, um volante que preenche todos os espaços do campo com sua rapidez e força na marcação, não se limita a pegar a bola dos pés dos adversários e passar para Ganso ou Elano. O volante do Santos tem a capacidade de dominar a bola, dar passes longos e principalmente fazer o que aprontou para cima dos uruguaios no lance do primeiro gol. Ninguém sabe de onde veio a bola, pois ela parece ter começado nos pés de Arouca logo que o barulho do apito foi ouvido para o início do segundo tempo. O craque avançou com a bola, só alternando as passadas e levando na conversa os marcadores do Peñarol, como se fosse um Falcão, um Toninho Cerezo. E se tem algo que os uruguaios têm de bom trata-se da marcação. Só que ninguém segurou Arouca no lance do gol inaugural e decisivo. Ele ajeitou de três dedos para Neymar, com bola rolando macia e suave, e aí o menino de ouro da Vila Belmiro mandou o chute, confiando no goleiro adversário, pois o Peñarol tem também seu Júlio César do Corinthians. Só que não dá para dizer que foi frango à Júlio César, pois a bola foi forte e traiçoeira, pingando bem na frente do goleiro.

Com o gol na abertura dos trabalhos no período final, o Santos viu o adversário ruir. E como um Arouca só não é o suficiente, outro Arouca apareceu para fazer o segundo gol, e foi logo o lateral-direito Danilo. O defensor que ataca bem não foi desarmado pelo lado direito, chegando à área com pinta de quem ia cruzar. Só que Danilo fez o que um atacante predador faz, pois foi para cima da defesa adversária, cortou para dentro e chutou, tirando do goleiro a chance de uma boa defesa, com chute bem colocado. Aí todos só esperavam por festa, pois tinha acabado o jogo. Só que o futebol uruguaio nunca se entrega, e isso é mais que lugar-comum. Em lance de ultrapassagem pela direita, a bola foi cruzada para a área santista, e então o  bom e esforçado zagueiro Durval desviou a pelota para o fundo do gol, botando fogo no jogo novamente. Ainda assim, não houve oportunidade para assustar ou macular a festa já preparada na véspera. Mais uma vez o Peixe vencia a Libertadores em cima do Peñarol, agora em época de vacas magras, diferentemente de 1962, quando os uruguaios assombravam o continente. Quem sabe a Copa 2010 não acordou o futebol dos vizinhos?

Edu Dracena ergueu a taça, Neymar fez o gol decisivo e foi o grande nome da mídia para o continente, Ganso é o camisa 10 que o mundo quer, e até aí está tudo certo. O que ninguém pode mudar é que Arouca é a cara do jogador do qual todo time campeão de Libertadores precisa. Ele não é um mero carregador de piano tradicional. Trata-se de um senhor carregador de piano, assim como Danilo e Adriano. Com esses três Aroucas no time, o Santos eternizou um time comandado pelo técnico mais vitorioso do século no Brasil. Ninguém foi tão longe em número de conquistas por estas bandas como o ranzinza Muricy Ramalho. E provavelmente ele será lembrado daqui a 100 anos, apesar de ninguém hoje falar sobre Lula, o técnico campeão pelo Santos em 1962 e 1963, nas taças conquistadas por Pelé, Pepe, Coutinho, Zito e tantos outros, entre eles o treinador. Uma coisa é certa: vai além da justiça que Arouca seja lembrado daqui a 100 anos como o melhor homem em campo na decisão da Libertadores 2011, conforme afirma o flamenguista Waldemar Henrique Anderson, eternizado como tio Maco.

junho 23, 2011 at 9:57 pm Deixe um comentário

Santos pela terceira vez

   O Peixe será campeão da Libertadores pela terceira vez. O clube não jogou o fino da bola ontem, no Estádio Centenário, em Montevidéu. O lugar lendário viu um time de camisa amarela e preta alçando bola na grande área, mas sem conseguir furar o bloqueio da defesa santista. E quando isso aconteceu, lá estava o bandeirinha para anotar corretamente impedimento do Alonso, jogador do Peñarol, autor de um gol aos 40 minutos do segundo tempo, o tal gol anulado. O estádio veio abaixo com mais de 50 mil pessoas, mas a festa de Copa do Mundo acabou logo, deixando uma nação de cabelo em pé, pois o empate praticamente dá o título ao Santos, que precisa vencer no Pacaembu, quarta-feira. Ao Peñarol, resta a busca por uma vitória milagrosa ou um empate no tempo normal e na prorrogação, para aí então conseguir vencer nos pênaltis.

   O Peñarol vem decidindo todas fora de casa, desde as oitavas-de-final, mas agora é diferente, pois pega o temido Santos, cuja torcida já está com sangue na boca para demolir o Barcelona, no final do ano, já contando com a ida ao Mundial e, mais que isso, com a passagem pela semifinal, coisa que o Inter de Porto Alegre não conseguiu em 2010, perdendo para o modesto Mazembe, hoje lendário clube africano, assim como é lenda o templo do jogo sobre o qual discutimos aqui, sede da final da primeira Copa, em 1930. E o Inter sentiu na pele o poderio do perigoso Peñarol, que empatou no Centenário e venceu no Beira-Rio, surpreendendo a nação colorada. Só que o Santos não é o Inter, muito pelo contrário. O time hoje dirigido por Falcão não é sombra daquela força que venceu a Libertadores no ano passado. E o Santos, por sua vez, vem com força total, até com Ganso previamente escalado para a decisão, injustamente ganhando a vaga de Alan Patrick, que deve ver a decisão do banco após jogar todas as últimas decisivas fases.

   Um bom palpite para a decisão é 1 a 0 para o Santos, com gol de cabeça no primeiro tempo e jogo em banho-maria a partir de então, mas Bob Sousa diz por aí que vai ser de goleada. E Bob é anti-Santos, mas já sabe que Neymar não vai dar trégua para os defensores uruguaios. Se as melhores notas dos jornais foram para Arouca, Adriano e Durval, na próxima quarta deverão ser para Neymar, Elano e provavelmente Ganso, em regresso na hora certa. Zé Love correu muito ontem, mas não tem cara de gol decisivo, assim como Adriano Gabiru não tinha em 2006, e então passa até a ser uma boa aposta para o tal gol do 1 a 0 cravar Zé. Se for um placar mais dilatado, certamente as fotos dos jornais contemplarão Neymar, o melhor jogador do Santos e do Brasil, aí comprovadamente o melhor também da América, pois demoliu algumas boas defesas na Libertadores 2011, mostrou já a maturidade que Renê Simões e muitos outros cobravam.

   E como Ganso, Elano e Neymar já estão convocados para a Copa América, quem sabe Mano Menezes não ache de bom tom colocar os três no time titular do Brasil, que não fez lá grandes coisas contra França, Argentina, Holanda e mesmo Romênia. Mano estará de olho na deisão, assim como todos os brasileiros que gostam do espetáculo que é uma final de Libertadores, constantemente com a presença de clubes brasileiros desde 1992. Desde então, só em 1996, 2001 e 2004 não houve presença de time brasileiro na decisão, ou seja, em 20 decisões, 17 contavam com a presença de um clube brasileiro. E virá mais um título para o Santos, 48 anos depois da segunda conquista. É o Santos dono da América pela terceira vez.

junho 16, 2011 at 7:19 pm Deixe um comentário

Santos sem piedade

   O Santos não teve dó da torcida do Cerro Porteño do Paraguai. O time brasileiro entrou em campo com a missão de segurar a bucha do caldeirão, que não era do Huck, mas do estádio que queria ganhar um jogo de Neymar e seus cupinchas Arouca, Elano, Adriano e principalmente Rafael, que correspondeu na meta santista quando solicitado. Não havia muito segredo, pois a simples presença de Neymar mexeu com todo o Paraguai. O time da casa já entrou assustado, assim como os times brasileiros têm entrado ressabiados. Ninguém sabe do que o moleque é capaz.

   E ontem o Santos definiu as coisas muito cedo, pois o primeiro gol saiu logo de cara, aos três minutos, com falta em cima de Neymar, sempre ele, e batida de Elano para Zé Love, desde março sem balançar as redes, tirar a zica e fazer o gol da classificação para a final. Depois do gol, restava ao Cerro Porteño fazer três gols e não levar nenhum. O time até fez os três gols, inclusive de forma heroica, mas tomou outros dois, e isso antes de fazer os seus dois últimos. A superioridade do Santos foi latente nas quatro partidas que os dois clubes disputaram, apesar de os placares não mostrarem essa discrepância, mas isso é normal em Libertadores da América, assim como é normal torcida jogar objeto no campo e tudo ficar por isso mesmo, pedras voarem em direção ao ônibus do time visitante etc., etc., etc.

   Neymar fez até um gol para não passar em branco nas duas partidas do mata-mata diante do Cerro. Se não conseguiu tantos dribles como fez no Pacaembu, no Paraguai ele deixou sua marca quando o time vencia por 2 a 1 e se preparava para o intervalo. E Neymar fez o que mais sabe na hora do gol, que é levar a bola para a ponta, dirigir-se ao meio, ir para cima do beque, cortar para qualquer lado e chutar a gol, vendo quase sempre a bola morrer na rede, como aconteceu aos 47 minutos do primeiro tempo de ontem e como já tinha acontecido no gol decisivo do Paulistão 2011.

   Todos dirão que o segundo tempo foi de sufoco do time da casa, mas tal equipe deixou para os 45 minutos finais a tarefa de fazer quatro gols no Santos, e ainda não podia levar mais. E o Santos cumpriu seu papel, levando só dois gols, mas quem garante que não faria mais se tomasse um quarto? Muricy está na final, e parece que dessa vez ele tem um grande trunfo na mão: Neymar pode decidir o duelo contra Peñarol ou Vélez, com maior probabilidade para o segundo. Desta vez Muriçoca não deixará escapar a chance de mandar às favas os que dizem que ele não sabe jogar mata-mata. Sabe, sim, e mesmo levando pirulito na cabeça ele manterá os nervos no lugar e sairá do Pacaembu com o troféu debaixo do braço, repetindo “aqui é trabalho” até para as paredes emboloradas do vestiário do estádio com mais de 70 anos, onde já brilharam Leônidas, Zizinho, Pelé, Garrincha, Ronaldo e Neymar, e onde a seleção brasileira enfrentará a Romênia na próxima terça, na despedida do Fenômeno. Hoje o Santos assiste de camarote a outra semifinal: Vélez X Peñarol, no José Amalfitani, na Argentina. Que venha a próxima vítima do Peixe, rumo ao Japão.

junho 2, 2011 at 6:04 pm Deixe um comentário

Neymar

   Era como se só houvesse um único jogador em campo ontem à noite, no Pacaembu. De nada adiantou os paraguaios tentarem caçar o lépido e habilidoso jogador santista, pois ele se safava em todas, sem dar a menor chance a quem quer que fosse. E com Zé Love como seu companheiro de ataque, ele tinha que contar consigo mesmo e com mais ninguém. Mesmo Alan Patrick só serviu para perder um gol feito no final do jogo, após Neymar levar de roldão a defesa do Cerro Porteño. Impossível não elogiar Neymar, ainda que o chamem de Neymala, Neymáscara etc. etc. O moço está sobrando no Brasil e é um dos melhores do mundo no futebol, minha gente. Sim, quem joga no Brasil pode ser considerado assim, não precisa ir até a Europa para provar nada.

   O primeiro tempo foi de Neymar e de Edu Dracena, que aproveitou a assistência do craque para cabecear e ver a bola tocar o travessão e ultrapassar a linha do gol, levando a torcida ao delírio, no finalzinho da etapa inicial. E Neymar esteve inspirado, em noite de seleção brasileira e digo mais, de seleção do mundo. Nem que o Cerro tivesse mais gente para marcar daria para segurar o magro atacante brasileiro. Pode até acontecer uma surpresa em Assunção, e o Cerro vencer por 2 a 0 ou por diferença de dois gols com outra combinação de placar, classificando-se para a final, mas a impressão que se tem é de que isso é impossível com Neymar em campo, pois seus companheiros terão que perder muitos gols para que o time da Baixada não faça ao menos um golzinho.

   O menino que corre mais rápido que todos e tem uma arrancada de segundos à frente dos adversários, impossibilita que seja parado só com jogadores a cercá-lo. E quando dão o bote, ele sai para o lado oposto ao do marcador. Em outras palavras, é uma assombração para qualquer marcação. Que o Cerro saiba se comportar no jogo da volta, pois caso se abra tesloucadamente deverá tomar a goleada que escapou a Neymar na partida de ontem. O menino saiu de campo com sede de gols, pois deu assistências e viu os companheiros se cansarem de perder gols. O time praiano, de Muricy Ramalho, este famoso por ser tachado de perdedor de mata-mata, está com os dois pés na final pela infinita superioridade demonstrada contra o adversário paraguaio.

   Hoje jogam os dois times que brigam para ver quem vai ser o sparring do Santos na final: Peñarol e Vélez Sarsfield. O palpite é Vélez, mas na soma dos dois jogos. No Centenário, onde começa a série, dificilmente a mística da camisa do Peñarol vai deixar de lutar por uma vitória, ainda que seja magra como a santista, ainda que os brasileiros estejam tranquilos por terem vencido o adversário na primeira fase, e dentro do Defensores Del Chaco. Pinta uma final Santos X Vélez, mas ainda é bom esperar pelas três próximas partidas, pois ninguém chegou por acaso até as semifinais. O Santos chegou graças a Neymar, capaz de carregar o time rumo ao título. Os demais terão que rebolar e confiar na tradição futebolística de Uruguai, Argentina e Paraguai.

maio 26, 2011 at 5:27 pm Deixe um comentário

Copa do Brasil e Libertadores hoje

   Três jogos hoje, no Brasil, decidem o semestre para seis equipes, sendo uma delas paraguaia, o Cerro Porteño. Pela Copa do Brasil, jogam Avaí X Vasco e Coritiba X Ceará. E os paraguaios enfrentam o poderoso Santos pelo jogo de ida das semifinais, mesma fase pela qual jogam os outros quatro times, só que aí no jogo da volta. O palpite para a final da Copa do Brasil só pode ser Vasco X Coritiba. Ninguém poderia acreditar que o Avaí mereceria vencer o Vasco em São Januário, mas o fato é que o gol de empate do Bacalhau saiu só no crepúsculo de jogo, à custa de uma jogada do Sobrenatural de Almeida do Nelson Rodrigues. Hoje, o Vasco tem que vencer ou empatar por 2 a 2, 3 a 3 e por aí vai. Empate por 0 a 0 classifica os catarinenses, que, detalhe: jogarão em casa, na Ressacada. Quem vai acordar de ressaca amanhã?

   O adversário do Vasco tem tudo para ser o Coritiba, que empatou por 0 a 0 em Fortaleza, diante do temido Ceará, o Vozão. Com Léo Gago, Aquino, Pereira, Édson Bastos, Jonas, Bill, Davi e principalmente Rafinha afiados, é jogo para o Coxa levar com tranquilidade, apesar de uma semifinal nunca prometer moleza. Se o Vozão chegou, é porque tem fôlego, apesar da avançada idade. O Couto Pereira deverá estar lotado na fria noite curitibana. O Alto da Glória vai ferver, minha gente, e é bom não contar com truco, pôquer, tranca ou qualquer piada de jogo de baralho, como fizeram contra o Palmeiras de tantas glórias. Vai ter que comer poeira contra os afiados cearenses. Empate com gols dá a vaga para o alvinegro do Nordeste.

   Por último, o Peixe recebe o Cerro Porteño em jogo com previsão de goleada santista. Muitos falam em placar histórico, mas semifinal de Libertadores pode complicar e deve, mesmo contra time paraguaio. É só lembrar que o Olímpia tem três títulos no torneio, em 1979, 1990 e 2002, este último diante do São Caetano, no Pacaembu. Com Neymar em campo e Muricy no banco, deve ser moleza se tudo correr conforme programado pelos brasileiros, mas não pelos paraguaios. O Cerro corre atrás de seu primeiro título expressivo, pois convenhamos que Campeonato Paraguaio não é algo que se possa dizer “que grande título…”, apesar de ter seu valor. E se o Cerro abrir espaço, o Santos tem que chutar de qualquer lugar, pois Barreto provou ser o “goleiro mãe” que todo adversário quer ter contra si, uma espécie de Júlio César do Corinthians.

   E a Globo não vai ter como passar jogos de Corinthians, Palmeiras e São Paulo. Vai ter que se render ao Santos, sempre relegado à opção do canal Sportv. O trio paulistano só volta às quartas nobres da Globo em fins de junho, minha gente. O semestre dos três foi para ser esquecido ou então visto e revisto para não serem repetidos os erros.

maio 25, 2011 at 2:05 pm Deixe um comentário

Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai decidem a Libertadores

   E o mundo finalmente conheceu os quatro semifinalistas da Libertadores 2011, cujo início se deu em janeiro, pouco antes de o Corinthians naufragar de forma vexatória diante do Tolima, da Colômbia. Restaram os já campeões Peñarol (5 títulos no currículo), Santos (2) e Vélez Sarsfield (1), além do Cerro Porteño, presença constante no torneio, mas sempre sem muito sucesso.

   Nesta semana, havia a expectativa por duas grandes e emblemáticas decisões: Universidad Católica X Peñarol e Cerro Porteño X Jaguares. Ambos os jogos, disputados ontem, reservaram emoção até o fim. O time chileno conseguiu um gol no primeiro tempo, em chute cruzado. Foi para o segundo tempo precisando de mais um gol para levar a decisão aos pênaltis, e foi o que conseguiu, para delírio de seus torcedores. Tudo ia bem em Santiago, até que o Sobrenatural de Almeida agiu, sob a forma de uma bola cruzada da esquerda e uma saída ridícula do goleiro do Chile, lembrando o glorioso Johnny Herrera, o Superboy corintiano. A pelota sobrou para o atacante do Peñarol chutar e ver a rede estufar, sem goleiro. Uma camisa espetacular voltava a uma semifinal de Libertadores após ausência de 24 anos.

   No outro jogo de ontem, o último das quartas-de-final a terminar, o Cerro Porteño venceu o Jaguares, em casa, por 1 a 0. Como empatara em território azteca, ficou com a vaga e vai ser o sparring santista, apesar de levar uma pequena vantagem por decidir a última em casa, no Defensores Del Chaco. Como o Santos já ganhou deste adversário no Paraguai, na primeira fase, Edu Dracena se deu até ao luxo de dizer que preferia mesmo o Cerro, pois já conhece o adversário. Vai ser barbada e das boas. Tem gente chutando 7 a 0 em muitos bolões. Quem dá mais?

   Só que o Peixe, glorioso alvinegro praiano, não teve a facilidade que todos esperavam ver na quarta-feira. Vencedor da primeira batalha, na Colômbia, por 1 a 0, com gol de Alan Patrick, podia empatar com o Once Caldas no abarrotado Pacaembu. E os 33 mil santistas ficaram ainda mais satisfeitos com o gol logo de cara, no começo do jogo, fazendo 1 a 0 e com placar agregado de 2 a 0. Era só fazer a festa, mas Rentería faria o gol de empate no final do primeiro tempo. O segundo tempo não foi só de pressão do time colombiano, mas a possibilidade de eliminação santista existiu. Neymar foi o nome do jogo, ainda que tenha desperdiçado um pênalti no final, o que propiciou uma última falta a favor dos colombianos. Se fosse gol, o Once Caldas seria carrasco mais uma vez, avançando com placar agregado de 2 a 2, em virtude dos dois gols fora de casa. Não foi o que aconteceu, e hoje só falamos sobre quem será o adversário santista na final, cujo último duelo será no Brasil, pois a campanha do Peixe é melhor que a de Vélez e Peñarol.

   Se por um lado pode reviver os bons duelos do início dos anos 1960, quando Santos e Peñarol disputavam a supremacia da América do Sul, por outro pode dar uma briga feia entre Brasil e Argentina. E o duro para o pessoal da Baixada é que os argentinos venceram as duas últimas pelejas jogadas em Buenos Aires, e ambas pelo placar de 3 a 0. Vai ser caroço, como diria Bob Sousa, apaixonado anti-santista. E Bonsucesso, santista e grande frequentador de estádios, mas que nas decisões tem ido a algum boteco nas imediações da acanhada Vila Belmiro, ouvir o jogo pelo radinho de pilha, fala que é barbada, mas pede para a diretoria santista alugar o Morumbi, pois vai ficar pequeno o Pacaembu para comemorar o terceiro título da Libertadores. Dá-lhe Peixe, o meu absoluto favorito! E escrevo isso mesmo após o grande futebol do Vélez contra o Libertad, em Assunción, com vitória argentina por 4 a 2.

maio 20, 2011 at 6:38 pm Deixe um comentário

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