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O verdadeiro capitão libertador

No jogo decisivo da Libertadores, o capitão foi Alessandro, o mais antigo do elenco. Muitas vezes me perguntei se não era hora de passar o lateral-direito pra frente, emprestar pra Portuguesa ou pro Bahia etc. Com gol contra, pênalti infantil cometido e vacilo em momentos difíceis, seu currículo era de um homem de risco, espécie de homem-bomba.

Não pensei no fato de Alessandro ter vindo em 2008, quando o Timão estava na segunda divisão nacional, no fundo do poço. Ele estava no primeiro jogo da série B de 2008, ainda no banco de reservas. Entrou no decorrer de um Corinthians 3X2 CRB, no lugar do insólito Lulinha, tido pelo seu empresário como um novo Rivelino, fato que não se consumou, longe disso. O lateral-direito tentou ser volante, mas estava fadado a jogar pelo lado do campo, sempre marcando com vontade. Seu estilo aguerrido deu origem ao apelido de Guerreiro, que muitas vezes os jornais lembram, não a torcida. Longe de ser o mais aplaudido pela Fiel, também não chegou a ser apupado como Danilo, Júlio César ou Alex, que tiveram momentos de total desânimo da torcida contra eles.

E não é que Alessandro quase se tornou o anti-herói, o Macunaíma alvinegro nas quartas-de-final, quando deu um chute incompreensível e sem direção, deixando a bola livre para Diego Souza. A sorte de Alessandro é que o goleiro Sidney Magal, o Cássio, salvou o lance com elasticidade e arrojo, segurando o carrasco cruzmaltino. Pouco depois, Paulinho salvou a noite das mais gloriosas de que se tem notícia, num Pacaembu fervendo sangue preto e branco.

A partir desse lance patético, o Guerreiro foi sóbrio, discreto e eficiente nos jogos seguintes. Nas semifinais e nas finais, não teve um só momento de vacilo. Foi de uma perfeição absoluta. Jogou com a faca entre os dentes e com sangue nos olhos. Teve cabeça para se posicionar da forma certa. Subiu só quando era necessário, geralmente se preocupando em marcar o time do Santos, uma máquina de jogar futebol idolatrada por todo o território nacional. Por fim, deu drible nos atletas do Boca Juniors na final. Pelo seu lado, ninguém logrou êxito nos quatro últimos jogos da Libertadores.

Em seu quinto ano de Corinthians, o moço de 33 anos já conquista sua quinta taça. A escolha do representante que ergueria a taça foi justa. Mais justo ainda é eu me retratar com o homem que mais me colocava medo nas decisões do torneio continental tão cobiçado. Ele era candidato a ser um novo Guinei, Alexandre Lopes, Coelho, Cachito Ramírez, Roger Pega-Pega ou Kleber. Foi simplesmente o Alessandro de Assis Chateaubriand (PR), o cara que ergueu a taça tão cobiçada por uma nação de 30 milhões de loucos.

 

julho 6, 2012 at 6:12 pm Deixe um comentário


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